terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Um si sem sim.

O risco corta o concreto e tudo o que se quer como ordem perde-se na contaminação dos traços. Linhas desordenadas sobrepondo-se em explosão. Pixos acelerados no incomensurável do espaço. A cidade, esse grande acelerador de partículas a reinvestir os signos dessa dimensão artístico-estética ad infinitum. Paredes de cidades como palco da efemeridade de cada traço-gesto que escapa a uma conjunção uniforme. Sordidez em cada olhar. Riscos a possuir o espectador, ativando seu gozo torpe para logo voltar ao seu letárgico desespero urbano. As cidades contemporâneas vestem-se desde muito com uma roupagem cáustica. Um fechar dos olhos machucados pela desinstalação da assepsia citadina assombra as sombras assustadas no cotidiano vazio. Tramas incisivas que instauram um outro cenário para a a-trair os olhos numa tentativa de decodificação dos pixos em explosão. Mas os pixos não são decodificáveis, identificáveis. A identificação é o que submete o pixo à sua condição asfixiante. Sua redutora redenção. Os pixos são tão somente matérias espúrias com sua nadificação perfeita. Expurgadas por si, num si sem sim. Pois que é negação de si e daquilo que é pensável sustentar de si. Eis aqui a fala já em sua condição distorcida porque fala do que não existe mais. Ou do que ainda virá como apagamento, mutabilidade, efemeridade.

Prof. Luizan Pinheiro

Foto: D'Pádua 2004

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